A agricultura regenerativa tem se destacado no Brasil como uma alternativa que une produtividade e preservação ambiental. Em um país com um dos maiores potenciais agrícolas do mundo, essa abordagem pode ser um diferencial para garantir solos mais saudáveis e produtivos no longo prazo. Além disso, vale lembrar que cerca de 23% das emissões de gases do efeito estufa vêm da atividade agrícola, reforçando a necessidade de práticas mais sustentáveis.
Diferente do modelo convencional, a agricultura regenerativa busca recuperar a saúde do solo, aumentar a biodiversidade e capturar carbono da atmosfera. O objetivo é criar sistemas produtivos que aconteçam ao mesmo tempo que propciam condições para a recuperação da natureza, reabilitando os ecossistemas e prezervando os recursos naturais, ao invés de esgotá-los.
O Brasil possui características naturais que favorecem a implementação da agricultura regenerativa, mas ainda há desafios a serem superados. No entanto, o crescimento do interesse por esse modelo tem sido notável, especialmente em regiões como o Cerrado e a Mata Atlântica, onde a degradação do solo ameaça a produtividade e a segurança alimentar. Algumas práticas regenerativas que já estão sendo aplicadas incluem:
Plantio direto, que melhora a retenção de umidade, reduz a erosão e protege a estrutura do solo;
Rotação de culturas, essencial para manter a fertilidade do solo, reduzir pragas e doenças e melhorar a ciclagem de nutrientes;
Integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), sistema que permite um melhor aproveitamento da terra, diversificação da produção e aumento da matéria orgânica no solo;
Uso de bioinsumos, alternativa sustentável que substitui fertilizantes e defensivos químicos por produtos naturais que estimulam a biologia do solo;
Cobertura vegetal permanente, prática que protege a superfície do solo, reduzindo erosão, mantendo a umidade e promovendo a atividade biológica benéfica.
A adoção da agricultura regenerativa traz muitas vantagens. Além de tornar os solos mais férteis e ricos em matéria orgânica, essa abordagem reduz a dependência de insumos externos, favorece a biodiversidade e contribui para o sequestro de carbono. Tudo isso torna a produção agrícola mais resiliente às mudanças climáticas e menos suscetível à degradação ambiental.
Outro ponto positivo é a possibilidade de agregar valor aos produtos agrícolas. Cada vez mais, consumidores e mercados internacionais buscam alimentos produzidos de maneira sustentável. No entanto, a transição para a agricultura regenerativa ainda enfrenta obstáculos, como:
Falta de assistência técnica para produtores interessados na adoção dessas práticas;
Dificuldade de acesso a crédito e financiamento voltados para a regeneração do solo;
Resistência à mudança por parte de agricultores acostumados com sistemas tradicionais de produção;
Necessidade de tempo para que os benefícios da regeneração do solo se tornem perceptíveis economicamente.
Nos últimos anos, diversas iniciativas têm surgido para incentivar a adoção da agricultura regenerativa no Brasil. Um dos programas mais notáveis é o Reverte, desenvolvido pela Syngenta em parceria com a TNC e o banco Itaú BBA, que busca recuperar áreas degradadas no Cerrado. Além disso, empresas do setor agropecuário estão investindo em pesquisa e desenvolvimento para criar soluções que facilitem a transição para um modelo regenerativo.
Outro ponto importante é o mercado de créditos de carbono, que pode oferecer oportunidades econômicas para produtores que adotam práticas regenerativas. Com a crescente valorização do carbono sequestrado no solo, agricultores podem obter benefícios financeiros enquanto contribuem para a mitigação das mudanças climáticas.
O Brasil tem um enorme potencial para se tornar referência global em agricultura regenerativa. A combinação de políticas públicas bem estruturadas, incentivos financeiros e investimentos em pesquisa pode acelerar essa transição, beneficiando tanto o meio ambiente quanto a economia do setor agropecuário. O caminho para um agro sustentável passa por práticas que promovam a saúde do solo, garantam a produtividade a longo prazo e auxiliem no combate às mudanças climáticas. Apostar na regeneração não é apenas uma escolha ambiental, mas também uma estratégia inteligente para o futuro da agricultura brasileira.
Para aprofundar o conhecimento sobre o uso de bacteriófagos na agricultura, recomenda-se a leitura dos seguintes artigos de domínio público:
1. “Agricultura regenerativa, uma solução frente às mudanças climáticas” – Este artigo explora os princípios da agricultura regenerativa, destacando técnicas como a rotação de culturas, cobertura vegetal e manejo integrado para recuperação do solo. (croplifebrasil.org)
2. “Agricultura Regenerativa: Os Bastidores da Evolução do Agro” – Este artigo da Syngenta explora como práticas regenerativas estão transformando a agricultura, promovendo a saúde do solo, a biodiversidade e a resiliência climática. (syngenta.com.br)
3. “Agricultura Regenerativa – O Que Significa, O Que Regenerar?” – Este artigo explora os conceitos fundamentais da agricultura regenerativa, discutindo o que precisa ser regenerado no solo e no ecossistema agrícola para garantir produtividade sustentável. (embrapa.br)
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Ana Laura Moreira Cunha
Estudante de Agronomia – UFU | Membro da Conteagro
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