Os vilões invisíveis das lavouras:
conheça os nematoides mais comuns e como manejá-los
NEMATOIDES
Introdução
Silenciosos, porém devastadores, os nematoides fitoparasitas estão entre os principais
desafios da agricultura brasileira. Esses microrganismos atacam as raízes das plantas,
prejudicam a absorção de água e nutrientes e comprometem o desenvolvimento das
lavouras.
Para enfrentá-los de forma eficiente, o primeiro passo é o diagnóstico preciso. Saber quais
espécies estão presentes no solo permite definir estratégias de manejo mais assertivas e
sustentáveis.
Neste artigo, você vai conhecer as espécies de nematoides mais comuns no Brasil,
entender por que o diagnóstico é tão importante e descobrir como o manejo integrado pode
reduzir os prejuízos nas lavouras.
Principais espécies de nematoides no Brasil
Meloidogyne spp. (Nematoide das Galhas)
É um dos grupos mais prejudiciais à agricultura. Espécies como Meloidogyne incognita e M. javanica atacam diversas culturas, formando galhas nas raízes que reduzem o desenvolvimento das plantas e dificultam a absorção de nutrientes. Na cana-de-açúcar, costumam aparecer associadas a Pratylenchus zeae.
Pratylenchus spp. (Nematoide das Lesões)
Penetram e migram dentro das raízes, causando necroses e abrindo portas para infecções secundárias. Pratylenchus brachyurus é uma das espécies mais comuns na soja, provocando redução de vigor e comprometendo o rendimento da cultura.
Heterodera glycines (Nematoide de Cisto da Soja)
Parasita específico da soja, forma cistos resistentes que permanecem viáveis por anos no solo, dificultando o controle. A presença de diferentes raças torna o manejo mais complexo, exigindo o uso combinado de cultivares resistentes, rotação de culturas e monitoramento contínuo.
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Rotylenchulus reniformis (Nematoide Reniforme)
Ataca principalmente o algodão e a soja, causando crescimento irregular e perdas expressivas, especialmente em solos arenosos e regiões de alta temperatura. Embora menos citado, é um agente de dano considerável.
Outras Espécies Relevantes
Também ocorrem espécies como Meloidogyne arenaria, M. enterolobii, M. exigua, Radopholus similis (em banana) e nematoides foliares do gênero Aphelenchoides. A incidência varia conforme o tipo de solo, clima e sistema de cultivo.
Diagnóstico: o Primeiro Passo para o Controle
Mais de 4.100 espécies de nematoides parasitas de plantas já foram descritas no mundo, mas apenas algumas causam danos econômicos relevantes. Em muitas lavouras brasileiras, mais de uma espécie ocorre simultaneamente, tornando o manejo mais difícil.
Como os sintomas em campo — reboleiras, clorose e baixo desenvolvimento — podem ser confundidos com deficiências nutricionais ou doenças fúngicas, o diagnóstico laboratorial é essencial. Ele identifica as espécies presentes e a densidade populacional, orientando as estratégias de controle mais adequadas.
Manejo Integrado de Nematoides
De acordo com especialistas e publicações técnicas da Bayer, o manejo eficiente deve ser integrado, combinando diferentes estratégias:
Rotação de culturas e plantas de cobertura
Alternar culturas não hospedeiras quebra o ciclo dos nematoides e melhora a saúde do solo.Uso de cultivares resistentes ou tolerantes
Sempre que disponíveis, essas variedades reduzem a multiplicação dos parasitas, mas devem ser rotacionadas para evitar pressão de seleção.Controle químico e tratamento de sementes
O uso de nematicidas e o tratamento de sementes ajudam a reduzir infestações iniciais, desde que aplicados conforme as recomendações técnicas.Controle biológico e bioinsumos
Microrganismos antagonistas e extratos vegetais vêm ganhando destaque como alternativas sustentáveis ao controle químico.Saneamento e cuidados culturais
É essencial evitar o transporte de solo contaminado, realizar a limpeza de equipamentos e eliminar plantas daninhas hospedeiras.Agricultura digital e mapeamento
O uso de drones, sensores e ferramentas de agricultura de precisão permite identificar áreas mais infestadas e direcionar ações específicas.
Exemplos de Manejo em Diferentes Culturas
Soja: uso de cultivares resistentes, rotação e tratamento de sementes.
Café: controle preventivo com mudas sadias e solos livres de infestação.
Cana-de-açúcar: monitoramento e uso de plantas de cobertura para reduzir Meloidogyne e Pratylenchus.
Cada cultura exige uma estratégia adaptada às condições do solo e às espécies de nematoides presentes.
Considerações Finais
O manejo eficiente dos nematoides começa com o diagnóstico correto. Identificar as espécies presentes e compreender seu comportamento em relação às culturas permite adotar medidas de controle mais eficazes e sustentáveis.
Com a integração entre diagnóstico, manejo diversificado e uso de tecnologias, é possível reduzir perdas, preservar o solo e aumentar a produtividade das lavouras
Referências de Artigos e Fontes de Domínio Público
Para aprofundar o conhecimento sobre o manejo de nematoides nas lavouras, recomenda-se a leitura das seguintes fontes:
AGROLINK. Controle eficiente começa pelo diagnóstico: espécies de nematoides mais presentes no Brasil. Disponível em: https://www.agrolink.com.br. Acesso em: 2025.
BAYER. Impulso Cast: Estratégias para controle do nematoide. Disponível em: https://www.bayer.com.br. Acesso em: 2025.
Maria Luísa Vieira Borges
Estudante de Agronomia – UFU | Membro da Conteagro